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PARASHAT VAYAK'HEL

B”H 

Parashat Vayak' hel (Shemot 35:1-38:20) 

A Parashat desta semana “Vayak' hel  - e reuniu” segue com a advertência aos Benei Israel ao cumprimento do Shabat e outras instruções para a construção do Mishcan. Moshe Rabeinu conclama à contribuição para a obra onde o povo com espírito voluntário doa materiais diversos para serem fabricados as estruturas, os utensílios e ornamentos do Templo. Estes vieram em grande quantidade ao ponto de os lideres pedirem a Am Israel que não enviassem mais material, pois já havia o suficiente para a conclusão da missão. HaShem elege Betsalel Ben Uri Ben Chur para liderar e organizar a construção do Mishcan e capacita a muitos com talentos para trabalharem nos diversos tipos de materiais e segmentos para a obra. A Torah descreve a confecção das vestes sagradas dos Cohanim bem como detalha os variados utensílios e estruturas que foram fabricados e confeccionados para a montagem do Mishcan.

Neste ano de 5778, as duas Parashiot “Vayak' hel e Pecudê” são lidas neste mesmo Shabat. Nossa Parashat inicia-se com as palavras: “Vayak' hel Moshe et col adat Benei Israel”, e reuniu Moshe toda comunidade dos Filhos de Israel. Reunir em congregação tem sido ao longo de nossa história uma marca destacada entre nós. Quais são as implicações e benefícios do cumprimento desta mitsvá tão importante, que se preserva até os nossos dias no século vinte um?

O que a Parasha nos ensina hoje? 


A Torah nos relata que esta ocasião da reunião, refere-se ao episodio da descida de Har Sinai com as novas Luchot, após quarenta dias que Moshe Rabeinu esteve na presença de HaShem. 
O relato descreve a mitsvá que Moshe recebeu de HaShem em agrupar a congregação para transmitir as instruções que havia recebido. O ato de reunir a comunidade para um determinado fim, diz respeito a algo primordial e essencial para a existência do povo de D’us.


Esta convocação sempre esteve presente na história de nosso povo desde Avraham Avinu, ao convocar a família e agregados tementes a HaShem, no ato do ensino, sacrifício e louvor ao Eterno. Sempre houve a necessidade de se congregar como povo, mesmo em Mitsraim, antes de nossa redenção, já havia esta prática que unificou e preservou nossa fé e esperança nas promessas de HaShem: (...) “Os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a D’us por causa de sua servidão. E ouviu D’us o seu gemido, e lembrou-se D’us da sua aliança (...)”. (Shemot/Êxodo 2:23,24) (...)  Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor D’us de vossos pais, o D’us de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito”; (Shemot/Êxodo 3:16). 


No período das peregrinações no deserto, esta convocação necessitava de meios especiais para que todo Israel pudesse participar, ouvindo e absorvendo as palavras da Torah pronunciadas por Moshe. 
O termo, sinagoga, vem da palavra grega que se traduz “Assembleia”, a prece e o estudo da Torah são elementos fundamentais da existência de sua existência. 


Após a construção do Templo, o povo se reunia todo ano para celebrar os Yomim Tovim, Pessach, Shavuot e Sucot, como está escrito: “Três vezes no ano todos os teus homens aparecerão diante do Senhor D’us. (Shemot/Êxodo 23:17). 


Havia também, o costume na antiguidade de se reunir em assembleia, um lugar público, nas portas das diversas cidades e vilarejos em Erets Israel,: “Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra”; ( Mishlei/Provérbios 31:23). Porem, foi depois do regresso da galut de Bavli (exílio da Babilônia), que o termo Beit kineset (Casa da Reunião) ou Beit Tefilah (Casa de Oração) tomou forma e se desenvolveu como centro religioso, educacional, cultural e politico, por falta de um Templo. Assim existia a necessidade de se preservar a fé, cultura e valores da Torah em terras estrangeiras frente ao perigo da assimilação cultural e religiosa. 


Ao longo dos séculos, nosso povo tem se congregado nas sinagogas como espaço público, muitas vezes o único para tantas outras importantes matérias e eventos, para integrar a comunidade, preservando nossa identidade. 
O Beit Midrash é a casa de estudos que funciona dentro da Kehila, lugar onde qualquer um da comunidade pode se aprofundar nos estudos da Torah e que em geral, existe uma biblioteca para apoio. 


A tradição nos orienta para que os membros de uma comunidade incentivem uns aos outros para frequentarem a kehilá. O autor do Livro de hebreus também faz a observação: “Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois Aquele que prometeu é fiel. E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como Kehilah, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia”; (Hebreus 10:23-25).

 
A Kehilah é um espaço de convivência e consiste em objetivar a vida social de acordo com os valores da Torah, mantém a coesão interna da comunidade e proporciona diversos eventos como a organização de um Beit Din, a corte ou juizado rabínico, a celebração de casamentos, festas, o Brit Milá (circuncisão), Bar e Bat Mitsvá, etc.
 Na comunidade primitiva também encontramos esta recomendação: (...) Se ele se recusar a ouvi-los, conte à kehilah; e se ele se recusar a ouvir também a Kehilah, trate-o como pagão ou publicano. (Matityahu/Mateus 18:17). 


É necessário ressaltar a importância em se manter uma mikve (imersão) pra tevilah de purificação e para teshuva. A tradição considera a sinagoga um local que ocupa o segundo lugar em santidade para a congregação, assim a kehilah no judaísmo é considerada um lugar sagrado, um pequeno santuário, não como o Templo, mas somente pelo uso que lhe é feito. 


Shaul ressalta a importância da sinagoga: (...) saiba como as pessoas devem comportar-se na Casa de D’us, que é a Assembleia do D’us vivo, coluna e fundamento da verdade; (1 Timóteo 3:15). Conseguimos observar na Brit HaDasha o fato de Yeshua e seus talmidim serem assíduos frequentadores das reuniões no Templo e sinagogas: “Yeshua lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto. Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito”; (Yochanan/João 18:20-21). E permaneciam constantemente no templo, louvando a D’us. (Lucas 24:53). 


Rav Shaul da mesma forma aproveitava a oportunidade dada em tomar a palavra para uma reflexão da Torah nas sinagogas e assim transmitia a revelação da Bessorá aos Benei Israel e aos prosélitos que se encontravam na galut. (...) “E entrando na sinagoga, num dia de shabat, assentaram-se. E depois da lição da Torah e Haftará, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Homens irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai. E levantando-se Shaul, e pedindo silêncio com a mão, disse: Homens israelitas, e os que temeis a D’us, ouvi” (...) (Atos 13:14-16)


Na Kehilah, estamos em sintonia com HaShem e uns com os outros, pertencemos a uma mesma família, em um ambiente onde temos os mesmos objetivos espirituais e assim bebemos da mesma fonte divina. Isto nos dá mais força e grande satisfação pois desfrutamos da Presença de D’us na Avodat HaShem, louvando e meditando na Torah, conseguimos receber brachot e revelações divinas para aplicarmos em nosso dia a dia. Além do mais, Yeshua comprou a sua noiva com seu próprio sangue! "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para D’us homens de toda tribo, língua, povo e nação”; (Apocalipse 5:9).


 Além de receber brachot de D’us, frequentar um Beit Knesset representa a oportunidade de estar contribuindo para o todo, como uma mitsvá de interdependência, como se diz: “Todos de Israel são responsáveis uns pelos outros”. (Talmud Shavuot 39a).

 
Yeshua nos ensinou que é melhor dar do que receber. Portanto vemos em 1 Co 12:13 a importância de estar unido com este todo, pois emergimos em um corpo espiritual, como membros de um corpo místico do Mashiach e isto implica em uma sincronia de dependências, onde dons e ministérios irão atuar mutuamente.


Por muitas gerações e por diversos países, nossos antepassados foram impedidos de cultuar a HaShem publicamente, no entanto, muitos arriscavam suas vidas e de suas famílias, para se reunirem para avodá e tefila. 
Os talmidim de Yeshua nos primeiros séculos da nossa era, sofreram muitos martírios em nome do Mashiach e arriscaram as suas vidas para manter viva a fé pelas gerações. Mesmo nos dias de hoje, ainda ha regiões no mundo onde existem sérias restrições para a expressão e fé do D’us vivo e qualquer outra religião que não seja a institucionalizada. 


Contudo, hoje temos novamente o nosso país, assim como no Brasil e em diversas nações do mundo, ha liberdade para expressar nossa fé publicamente sem restrições, aproveitemos este privilegio para desfrutarmos esta preciosidade de estarmos doando e recebendo coletivamente todas as bênçãos que ocorrem na Casa de D’us. 
Moshe Rabeinu também nos dá um grande exemplo quando deixou o conforto do palácio de Faraó para conviver com seus irmãos. 
Mesmo sabendo que todos nós somos falhos, devemos cumprir o maior mandamento, amar a D’us e ao próximo. Portanto, nada substitui a importância da reunião e comunhão entre os achim, pelos quais o Mashiach se entregou.

Rosh Yossef Chaim (Maurício) – B'rit Olam. 

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