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PARASHAT PECUDÊ

B”H 

Parashat Pecudê (Shemot 38:21-40:38) 

Moshe ordena aos Leviim, a cargo de Itamar Ben Aaron, a relacionar todas matéria prima utilizada para a construção do Mishcan e enumerar os gastos de fabricação, detalhando cada item da obra, de todos os utensílios, ornamentos, estruturas, vestes e o quanto foi arrecadado e utilizado nesta obra.

Assim, os Benei Israel fizeram tudo o que foi ordenado a Moshe conforme o Eterno mostrou a ele no Har Sinai. Desta forma, completou-se toda a obra de construção do Mishcan assim, HaShem ordena a Moshe Rabeinu inaugurar o Mishcan no primeiro dia do primeiro mês, que corresponde a Nissan, no segundo ano após a saída de Am Israel de Mitsraim.

Nossa Parasha inicia-se com as palavras: “Vayak' hel Moshe et col adat Benei Israel”, (e reuniu Moshe toda comunidade dos Filhos de Israel). Reunir em congregação tem sido, ao longo de nossa história, uma marca destacada entre nós. Quais são as implicações e benefícios do cumprimento desta mitsvá tão importante, que se preserva até os nossos dias ?

 

A Parasha relata as leis referentes à purificação e consagração de toda obra, bem como a unção e consagração sobre os Cohanim. Desta forma, foi erguido e inaugurado o Mishcan entre os Benei Israel e a nuvem da Shechiná cobriu todo o Mishcan, o Kavod HaShem (Glória do Eterno) encheu todo o lugar consagrado, enquanto a nuvem permanecia durante o dia e a noite pairava em forma de fogo, sobre o Tabernáculo de D’us, a medida que se levantava Am Israel partiam em suas jornadas guiados pela direção da nuvem. 

O que a Parasha nos ensina hoje? 


A Torah nos relata que esta ocasião da reunião, refere-se ao episódio da descida de Har Sinai com as novas Luchot, após quarenta dias que Moshe Rabeinu esteve na presença de HaShem. O relato descreve que Moshe, recebeu de HaShem, a mitsvá de agrupar a congregação para transmitir as instruções que havia recebido na presença do Eterno. O ato de reunir a comunidade para um determinado fim, diz respeito a algo primordial e essencial para a existência do povo de D’us.


Esta convocação sempre esteve presente na história em nosso povo desde Avraham Avinu, ao convocar a família e agregados tementes a HaShem. No ato do ensino, sacrifício e louvor ao Eterno, deste modo sempre houve a necessidade de se congregar como povo, mesmo em Mitsraim, antes de nossa redenção, já havia esta prática que unificou e preservou nossa fé e esperança nas promessas de HaShem: “ [...] Os filhos de Israel suspiraram por causa da servidão, e clamaram; e o seu clamor subiu a D’us por causa de sua servidão. E ouviu D’us o seu gemido, e lembrou-se D’us da sua aliança [...].” (Shemot/Êxodo 2:23,24), "[...]Vai, e ajunta os anciãos de Israel e dize-lhes: O Senhor D’us de vossos pais, o D’us de Abraão, de Isaque e de Jacó, me apareceu, dizendo: Certamente vos tenho visitado e visto o que vos é feito no Egito;” (Shemot/Êxodo 3:16). 


Após a construção do Templo, o povo se reunia todo ano para celebrar os Yomim Tovim (Festas Judaicas), Pessach, Shavuot (Semanas) e Sucot (Cabanas), como está escrito: “Três vezes no ano todos os teus homens aparecerão diante do Senhor D’us." (Shemot/Êxodo 23:17). 


Havia, também na antiguidade, o costume de se reunir em assembleia em um lugar público, nas portas das diversas cidades e vilarejos em Erets Israel:  “Seu marido é conhecido nas portas, e assenta-se entre os anciãos da terra;” ( Mishlei/Provérbios 31:23). Porém, foi depois do regresso da galut de Bavli (exílio da Babilônia), que o termo Beit kineset (Casa da Reunião) ou Beit Tefilah (Casa de Oração) tomou forma e se desenvolveu como centro religioso, educacional, cultural e político, por falta de um Templo. Assim, existia a necessidade de se preservar a fé, cultura e valores da Torah em terras estrangeiras frente ao perigo da assimilação cultural e religiosa. 


Ao longo dos séculos, nosso povo tem se congregado nas sinagogas como espaço público, muitas vezes o único para tantas outras importantes matérias e eventos, para integrar a comunidade, preservando nossa identidade. O Beit Midrash é a casa de estudos que funciona dentro da Kehila (comunidade), lugar onde qualquer um da comunidade pode se aprofundar nos estudos da Torah e que em geral, onde existe uma biblioteca para apoio. 


A tradição nos orienta para que os membros de uma comunidade incentivem uns aos outros para frequentarem a kehilá. O autor do Livro de hebreus também faz a observação: “Apeguemo-nos com firmeza à esperança que professamos, pois Aquele que prometeu é fiel. E consideremo-nos uns aos outros para incentivar-nos ao amor e às boas obras. Não deixemos de reunir-nos como Kehilah, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia”; (Hebreus 10:23-25).

 
A Kehilah é um espaço de convivência que consiste em objetivar a vida social de acordo com os valores da Torah. Desta maneira, mantém a coesão interna da comunidade e proporciona diversos eventos como a organização de um Beit Din, a corte ou juizado rabínico, a celebração de casamentos, festas, o Brit Milá (circuncisão), Bar e Bat Mitsvá, etc. Na comunidade primitiva, também, encontramos esta recomendação: "(...) Se ele se recusar a ouvi-los, conte à kehilah; e se ele se recusar a ouvir também a Kehilah, trate-o como pagão ou publicano." (Matityahu/Mateus 18:17). 


É necessário ressaltar a importância em se manter uma mikve (imersão) pra tevilah de purificação e para teshuva. A tradição considera a sinagoga um local que ocupa o segundo lugar em santidade para a congregação, assim a kehilah no judaísmo é considerada um lugar sagrado, um pequeno santuário, não como o Templo, mas somente pelo uso que lhe é feito. 


Shaul ressalta a importância da sinagoga: "(...) saiba como as pessoas devem comportar-se na Casa de D’us, que é a Assembleia do D’us vivo, coluna e fundamento da verdade;" (1 Timóteo 3:15). Conseguimos observar na Brit HaDasha (Nova Aliança) o fato de Yeshua e seus talmidim serem assíduos frequentadores das reuniões no Templo e sinagogas: “Yeshua lhe respondeu: Eu falei abertamente ao mundo; eu sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde os judeus sempre se ajuntam, e nada disse em oculto. Para que me perguntas a mim? Pergunta aos que ouviram o que é que lhes ensinei; eis que eles sabem o que eu lhes tenho dito;” (Yochanan/João 18:20-21). "E permaneciam constantemente no templo, louvando a D’us." (Lucas 24:53). 


Rav Shaul da mesma forma aproveitava a oportunidade dada em tomar a palavra para uma reflexão da Torah nas sinagogas e, assim, transmitia a revelação da Bessorá aos Benei Israel e aos prosélitos que se encontravam na galut. "[...] E entrando na sinagoga, num dia de shabat, assentaram-se. E depois da lição da Torah e Haftará, lhes mandaram dizer os principais da sinagoga: Homens irmãos, se tendes alguma palavra de consolação para o povo, falai. E levantando-se Shaul, e pedindo silêncio com a mão, disse: Homens israelitas, e os que temeis a D’us, ouvi [...]" (Atos 13:14-16).


Na Kehilah, estamos em sintonia com HaShem e uns com os outros, pertencemos a uma mesma família, em um ambiente onde temos os mesmos objetivos espirituais e bebemos da mesma fonte divina. Isto nos dá mais força e grande satisfação, pois desfrutamos da Presença de D’us na Avodat HaShem (Serviço ao Eterno), louvando e meditando na Torah. Em vista disso, conseguimos receber brachot (benção) e revelações divinas para aplicarmos em nosso dia a dia. Além do mais, Yeshua comprou a sua noiva com seu próprio sangue! "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto, e com teu sangue compraste para D’us homens de toda tribo, língua, povo e nação;” (Apocalipse 5:9).


Além de receber brachot de D’us, frequentar um Beit Knesset representa a oportunidade de estar contribuindo para o todo, como uma mitsvá de interdependência, como se diz: “Todos de Israel são responsáveis uns pelos outros.” (Talmud Shavuot 39a).

 
Yeshua nos ensinou que é melhor dar do que receber. Portanto vemos em 1Coríntios 12:13 a importância de estar unido com este todo, pois emergimos em um corpo espiritual, como membros de um corpo místico do Mashiach e isto implica em uma sincronia de dependências, onde dons e ministérios irão atuar mutuamente.


Por muitas gerações e por diversos países, nossos antepassados foram impedidos de cultuar a HaShem publicamente, no entanto, muitos arriscavam suas vidas e de suas famílias, para se reunirem para avodá e tefila. Os talmidim de Yeshua nos primeiros séculos da nossa Era sofreram muitos martírios em nome do Mashiach e arriscaram as suas vidas para manter viva a fé pelas gerações. Mesmo nos dias de hoje, ainda há regiões no mundo onde existem sérias restrições para a expressão de fé no D’us vivo e qualquer outra religião que não seja a institucionalizada. 


Contudo, hoje temos novamente o nosso país, assim como no Brasil e em diversas nações do mundo, há liberdade para expressar nossa fé publicamente sem restrições, aproveitemos este privilégio para desfrutarmos esta preciosidade de estarmos doando e recebendo coletivamente todas as bênçãos que ocorrem na Casa de D’us. 

Moshe Rabeinu também nos dá um grande exemplo quando deixou o conforto do palácio de Faraó para conviver com seus irmãos. Mesmo sabendo que todos nós somos falhos devemos cumprir o maior mandamento, amar a D’us e ao próximo. Portanto, nada substitui a importância da reunião e comunhão entre os achim, pelos quais o Mashiach se entregou.

Rosh Yossef Chaim (Maurício) – B'rit Olam. 

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