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אלול

ELUL

 

                                                                                                                                                                                                                                     B”H

 

O Mês de Elul

Estamos nos aproximando das Chagim Gedolim, as grandes festas de Outono, Yom Teruah, Yom Kipur, Sucot, Shemini Atsret, Simcha Torah.


O Mês de Elul antecede o sétimo mês das grandes festas e por isso existem muitas razões que nos indicam ser Elul um mês extremamente significativo dentre os meses do ano. Para isso devemos entender e comentar sobre as festas que estão expressas na Torah.  


1-    ELUL E A IMPORTANCIA DO PREPARO 


Elul antecede a festa de Yom Hateruah, o Dia do Toque que corresponde ao Rosh HaShaná, o primeiro dia do mês sétimo o Ano Novo Judaico. Muitos podem estranhar e questionar, como pode ser o sétimo mês o início do ano?

O Rosh HaShaná não equivale ao ano novo secular onde as pessoas celebram com festas e muitas vezes com excessos de todos os tipos e muito longe da busca e aprimoramento espiritual como ocorre no Rosh HaShana.  Esta data é um Yom Tov, um feriado judaico descrito na Torah que evoca celebração ao Eterno com o toque do shofar em um ambiente de reverencia e santidade totalmente oposto ao secular. Portanto o sétimo mês judaico, o de Tishrei fecha um ciclo de sete meses desde Abib ou Nissan, o primeiro mês do ano quando celebramos a primeira Festa Judaica, o Pessach.

Desta forma, a revelação da Torah nos mostra que o tempo gira em torno de ciclos e o número sete fecha diversos períodos com uma série de significados profundos.
O primeiro ciclo é o semanal que se encerra com o Shabat, o dia sagrado separado ao Eterno, seis dias de trabalho e o sétimo dia de kedushá, separação e santidade, o sinal da Aliança que fez com Am Israel ( o povo de Israel).

A Torah também relata a Festa das Semanas ou Shavuot, ou seja, sete semanas completas desde Pessach, a primeira festa Bíblica do ano e a contagem do Omer de cinquenta dias que se encerra com Shavuot.

Temos o ciclo de sete anos, o ano da Shemitah, depois de seis ciclos de festas judaicas, o sétimo ano corresponde ao descanso da Terra que é consagrada ao Eterno. Neste período não se planta nem se colhe para o comércio, mas apenas para a subsistência de todo o povo, portanto todos, ricos e pobres tem o mesmo acesso a toda a terra. Também há o ciclo de sete vezes sete shemitot, ou seja, depois de 49 anos, no quinquagésimo ano que corresponde ao ano de Yovel, Jubileu, quando todas as propriedades na Terra de Israel retornavam para os seus proprietários originais desde a divisão das Doze Tribos e suas famílias.

Neste período, também os servos eram libertos, as dívidas eram perdoadas e se iniciava um novo ciclo.

Desta forma, temos os ciclos das semanas que é o Shabat, e sete Shabatot que é Shavuot, dos anos, sete ciclos completos de festas até Shemitá, o ano sabatico e sete Shemitot que é o Yovel o Jubileu.

Contudo, existe o ciclo dos meses, seis meses do ano a partir de Abib que se inicia com Pessach até o sétimo mês fechando todas as festas Bíblicas da Torah.

No intervalo de cinco meses até o primeiro mês do ano, vamos ter duas festas judaicas, que foram estabelecidas pela tradição e pelas autoridades do nosso povo que celebram livramentos como a festa de Chanucá, a festa das luzes e de Purim a festa do livramento e alegria. Portanto, o sétimo mês fecha esse ciclo de festas Bíblicas e também neste mês se concentra o maior número de festas da Torah.

Estas festas de outono são importantíssimas e aludem diversos significados proféticos ligados a redenção futura com o retorno de Yeshua, o Mashiach Ben David. 
Sabemos da importância dos dias anteriores ao Yomim Tovim, os dias de festas bíblicas, a começar pelo shabat.

A Torah nos relata que na sexta feira, nos tempos da peregrinação do deserto da saída de Israel do Egito, o Eterno mandava duas porções de maná, uma para o dia de sexta e outro para o shabat e milagrosamente não se estragava.

Em razão das leis de shabat e yom tov, diversas outras coisas eram feitas e preparadas no dia anterior para a preparação dos dias festivos. De igual modo, o sexto mês corresponde a um período propício para o preparo e organização. Assim, para o ingresso deste mês tão importante do ano, a tradição judaica desde milênios separa o mês de Elul, o sexto mês para a preparação e introdução ao sétimo mês e suas respectivas festas de forma que cada um possa servir ao Eterno e celebrar estes dias sagrados cumprindo estas mitsvot, extraindo o máximo possível de suas dádivas, revelações e brachot. 

Yom HaTeruáh e Yom Kipur, o dia do toque do shofar e o Dia da Expiação implicam na ação da Teshuváh, ou seja estas festas consistem em direcionar o povo ao arrependimento e mudanças de atitudes em direção ao Eterno e Sua vontade expressa na Torah. 


2-    O CHESHBON HANEFESH


Por se tratar destas festas com tais características, estas nos indicam a razão pela qual em Elul devemos nos preparar neste sentido, o que chamamos de Cheshbon HaNefesh, procurando em si mesmo aspectos de nosso interior que poderão ser retificados com a teshuvah e isso exige tempo e empenho na introspecção e auto analise para o maior autoconhecimento e assim, elaboração de estratégias para a lapidação do interior e o crescimento espiritual.

O cheshbon hanefesh implica na conscientização do estado imperfeito do homem diante da Torah que requer o arrependimento de suas faltas e o perdão de seus pecados para a aproximação de HaShem, bem como ser transformado pela ação e amor Divino para andar em Sua presença, em kedushá. Devemos então perseverar em emuná vekedusha ( fé e santidade), buscando a vontade e a direção Divina através da Torah, mantendo o respaldo Divino para a transformação e redenção por meio de Yeshua HaMashiach. 


"Aqui está a paciência dos santos; aqui estão os que guardam os mandamentos de Eterno e a fé em Yeshua."   Apocalipse 14:12                                                            

A tradição judaica afirma que toda a humanidade é julgada entre Yom Terua e Yom Kipur e tudo o que irá ocorrer ao longo do ano será estabelecido e Divinamente decretado depois de Yom Kipur.

O Mês de Elul, por sua característica que antecede o fechamento do ciclo e o julgamento, requer também a necessidade de proporcionar retificação e desenvolvimento ao traçar metas e novos rumos, bem como estratégias pertinentes em direção ao crescimento e aprimoramento espiritual cujo início se dá em Rosh HaShaná. 
Assim, nestes trinta dias de preparação para a elevação espiritual, examinamos nosso interior e recitamos as Selichot que são preces especiais para arrependimento.

Outra prática deste período corresponde ao toque do Shofar em todos os dias pela manha, a fim de preparar a neshamá e reforçar nossa sensibilidade espiritual para a transformação pela ação da teshuvá.

Traçamos metas de boas ações, práticas de novas mitsvot e aprimoramento de outras, como também, revisamos os pergaminhos das mezuzot e tefilin e tudo que poderá nos ajudar para fechar este ciclo e adentrar em um novo período com elevação em um crescente desenvolvimento espiritual.


3-    ELUL E A CANALIZAÇÃO ESPIRITUAL COLETIVA


Nos dias de Elul grande parte dos Benei Israel e dos que foram enxertados na Aliança do Povo do Eterno estão em período de busca de perdão e aprimoramento pela Teshuvá. Por esta razão, há na esfera superior muita força espiritual coletiva que emana do Povo na esfera material. Devemos então aproveitar esta força espiritual coletiva para se unir a uma só voz clamando ao Eterno por meio de Mashiach em Teshuvá por perdão dos pecados do passado e bênçãos para o presente e futuro.

Nossos sábios contam uma parábola para ilustrar o período de Elul e a importância deste mês de elevação e clamor coletivo.


Uma vez por ano, um rei deixa seu palácio, e sua glória e vai até o campo para encontrar com seus súditos. Neste ambiente sem muitas formalidades as pessoas podem se relacionar mais intimamente com o monarca, mostrando suas necessidades, suas carências e sua devoção ao reino. Assim todas elas não precisam esperar uma data em uma determinada agenda, mas podem falar com o seu rei frente a frente sem muita cerimonia. Contudo quando o rei voltar ao seu palácio os súditos terão novamente de passar por todos os tipos burocracia para ter uma audiência com o rei. Portanto o povo deve aproveitar a oportunidade ao máximo para poder se relacionar mais intimamente com o rei e com isso receber dele algo especial. 


4-    A BUSCA EM ELUL GERA A INTIMIDADE COM O CRIADOR


O mês de Elul corresponde a esse período onde o coração do homem está mais apto a sentir a presença mais íntima com o Eterno, O Kadosh Baruch Hu, em consequência das influências externas do povo bem como o ambiente espiritual que permeia toda a comunidade de Israel.

Este mês como também os dez dias entre Rosh HaShana e Yom Kipur, existe, com mais ênfase, a busca de retificação e perdão nos relacionamentos, na coletividade. Assim, é muito comum as pessoas se procurarem para pedir perdão das faltas com o próximo e esta prática tão comum gera um ambiente que influencia positivamente a todos neste intento.

Em Israel todos são responsáveis por cada um. 

Rabi Pinchas de Horowitz disse: “Quando prestas serviço ao teu próximo, na verdade é esse quem te presta serviço.

Nossos sábios nos ensinam isso da seguinte maneira: O pobre faz mais pelo seu rico protetor do que este pelo pobre”. Desta forma, o relacionamento verdadeiro de amor e perdão sem máculas e ajuda mútua na comunidade do Povo do Eterno reflete a mesma ligação de amor e dedicação com o Kadosh Baruch Hu, como está escrito:


1 João 4:20,21   "Se alguém diz: Eu amo a D’us, e odeia a seu irmão, é mentiroso. Pois quem não ama a seu irmão, ao qual viu, como pode amar a D’us, a quem não viu? E Dele temos este mandamento: que quem ama a D’us, ame também a seu irmão."


O Livro Shir Hashirim (Cântico dos cânticos) de Shelomo Hamelech, é interpretado pela tradição como um hino e poesia de amor entre o Eterno e Seu Povo que está tipificado como o amor que une o noivo e sua noiva.


"{...} ainda se ouvirá: A voz de gozo, e a voz de alegria, a voz do esposo e a voz da esposa, e a voz dos que dizem: Louvai ao Senhor dos Exércitos, porque bom é o Senhor, porque a sua benignidade dura para sempre; dos que trazem ofertas de ação de graças à casa do Senhor; pois farei voltar os cativos da terra como ao princípio, diz o Senhor." Jeremias 33:10,11  


As quatro letras do nome Elul são um acrônimo para as letras iniciais da frase em Shir Hashirim (6:3): "Sou do meu amado e meu amado é meu."

A betulá, simboliza Israel, a amada noiva de D’us. Esta esposa amada de Shir Hashirim de autoria de Shelomo Hamelech, diz a seu esposo evocando ternura, amor e intimidade : Ani le dodi vedodi li, Eu sou do meu amado e meu amado é meu.


O Mashiach representa e tipifica na terra a autoridade do Eterno, o Rei dos reis e assim a Brit Chadashá alegoriza a união do Eterno com Seu povo como uma relação matrimonial, com o retorno de Seu Mashiach. 


"Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou. E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos." Apocalipse 19:8,9.


Para estar como noiva adornada sem máculas, ela precisa permanecer em kedushá (santidade) na presença Divina, consciente do verdadeiro estado de carência e falta de méritos para isso.

Uma oração e canção muito importante que evoca esta verdade e que também recitamos neste período é Avinu Malkeinu, Nosso Pai e nosso Rei, que mostra o chessed (bondade), a graça Divina sobre todo Israel. Nosso "Pai nosso Rei, concede-nos a Tua graça e atende-nos mesmo que careçamos de boas ações faze conosco justiça e bondade e salva-nos."

5-ELUL E O PREPARO PARA YOM KIPUR


Elul é o mês onde todo Am Israel estará se preparando e clamando por perdão e misericórdia que culmina no dia de Yom Kipur.  Foi exatamente neste mês que Moshê Rabeinu subiu ao Monte Sinai pela terceira vez e permaneceu por quarenta dias, de Rosh Chôdesh Elul a Yom Kipur, clamando pelo perdão Divino o qual revelou grande expiação a todas as Doze Tribos de Israel e para o misto de gente que se encontrava ao pé do Har Sinai na outorga da Torah.


Êxodo 34:5 - "Então Moisés lavrou duas tábuas de pedra, como as primeiras; e levantando-se pela manhã de madrugada, subiu ao monte Sinai, como o Senhor lhe tinha ordenado; e levou as duas tábuas de pedra nas suas mãos. E o Senhor desceu numa nuvem e se pôs ali junto a ele; e ele proclamou o nome do Senhor."


Elul equivale na guematria ao numero treze, aludindo aos Treze Atributos da Misericórdia Divina que são revelados.


"Eterno, Eterno, D’us misericordioso e piedoso, tardio em irar, abundante em benignidade e verdade, que guarda a benignidade para duas mil gerações, que perdoa a iniquidade, a rebelião  e o pecado e absolve. Perdoa as nossas iniquidades e nosso pecado e toma-nos por Tua herança. Perdoa-nos ó nosso Pai, pois pecamos, perdoa-nos ó nosso Rei, pois transgredimos. Pois Tu ó Eterno és Bom e Clemente e abundante em benignidade para com todos aqueles que Te invocam."


Nesta ocasião Moshe, trás as Segundas Luchot, as Tabuas da Lei, no dia de Yom Kipur atestando com elas a prova do perdão ao povo de Israel que tinha pecado contra o Eterno confeccionando e adorado o Bezerro de Ouro.

 Moshe Rabeinu permaneceu todo o mês de Elul na esfera espiritual buscando a redenção para os benei Israel e lhe foi dado as Luchot como símbolo da Aliança da união entre o Eterno e Seu Povo. Portanto o mês de Elul prepara para o princípio do ciclo do ano, em que devemos estar renovados e preparados espiritualmente, para engrandecer a HaShem com toda consciência de nossas limitações e potencialidades, com objetivos e metas traçadas para conquistar mais uma etapa do nosso propósito e missão que o Eterno nos proporciona.

No mês de Elul iniciamos este processo buscando este aprimoramento e exercitando a permanência da kedushá para que se possa permanecer pelos demais meses do ano alcançando assim níveis espirituais cada vez mais elevados.

Ketivá Vechatimá Tová, "que sejam inscritos e selados para um Ano Bom".

Rosh Yossef Chaim (Maurício) - B´rit Olam.

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